Melancolia

Certa vez, o economista Simon Kuznets, ganhador do prêmio Nobel de Ciências Econômicas de 1971, declarou que no mundo havia somente 4 tipos de países: os desenvolvidos, os subdesenvolvidos, o Japão e a Argentina. Essa declaração faz uma alusão ao singular desenrolar da economia e sociedade Argentina. Em menos de 100 anos, a Argentina foi do 7º país mais próspero do mundo para, atualmente, 64º posição. Parece que a melancolia “del Tango Argentino” reflete um pouco da história do país.

Por volta da primeira Guerra Mundial, a Argentina era um dos país mais ricos do mundo – superando nações Europeias como a França. Entre 1869 até 1914, a Argentina manteve um crescimento médio de 6% a.a. Em termos reais, o valor das exportações multiplicou-se por 13 vezes entre 1865 a 1914. No mesmo período, a Argentina construiu uma das maiores malhas ferroviárias do mundo para sustentar o crescimento de suas exportações – na década de 1920 o país era responsável por 50% das exportações de carne no mundo. Primeiramente com investimentos da província de Buenos Aires e, em seguida, com investimentos ingleses, consolidou-se a maior linha ferroviária da América Latina até nos dias de hoje. No fim do século XIX, milhões de imigrantes Europeus foram atraídos pela prosperidade Argentina. Por volta da década de 1890, estima-se que ¼ de toda população no país eram imigrantes de países como Itália ou Espanha. A Argentina, mesmo com as décadas de instabilidade, possui resquícios positivos daquela época. Hoje, Buenos Aires é a segunda cidade com maior número de livrarias a cada cem mil habitantes e detém alguns dos mais altos níveis educacionais da AL, pois, já em 1884, aprovou a Lei 1420 de Educação Geral Comum universalizando o ensino básico. As exportações do Pampa Argentino, o comércio multilateral, a imigração de milhões de trabalhadores e investimento estrangeiros levaram a Argentina alcançar, em 1909, uma renda per capita 50% maior do que a italiana, 180% maior que a do Japão e quase 5 vezes a renda per capita do Brasil.

É estonteante pensar que no início do século passado a esperança de milhões de imigrantes eram depositadas nos Estados Unidos ou, no nosso decadente vizinho, a Argentina. Todo ciclo de prosperidade foi posto a prova com o surgimento do Peronismo, um movimento político populista e nacionalista, o qual, tornou a Argentina uma terra de prosperidade em uma nação de protecionismos, nacionalização de empresas estrangeiras e aversão ao capital internacional. Novamente, os mesmos que orquestraram a derrocada da Argentina estão de volta ao poder.

Posts recentes

Marcelo Slaviero esteve no bairro Fátima Baixo
Lançada pré-candidatura de Slaviero a deputado estadual