Marcelo Slaviero - Set 15

Entre saúde e economia, fico com ambos

*Retomada parcial das atividades em 01/04 e total em 06/04*

Olá amigos, 

Assim como todos, estou cumprindo o isolamento social imposto e decretado pelas Administrações Municipal e Estadual, acompanhando as entrevistas do Ministério da Saúde e da ANVISA. Acredito que todos estejam, também, com grupos de WhatsApp bastante ativos, com muitas mensagens, dados, vídeos e, muitas vezes, falsas informações.

Diante de todo esse cenário, preocupado com uma discussão que se apresenta cada vez mais presente, Saúde x Economia, decidi expor considerações e sugerir ao nosso Poder Público algumas ações. Minha primeira consideração é de que não precisamos viver um falso dilema de Economia ou Saúde. Podemos cuidar de ambos.

LOCKDOWN HORIZONTAL

Em nossa cidade foi decretado (Decreto Nº 20.834, de 20/03/2020) o isolamento total, com algumas liberações para atividades listadas como essenciais. Confesso que diante dos dados e informações que tínhamos naquele momento, a decisão me parecia a mais sensata. Tivemos a “sorte” de poder olhar outras experiências mundiais, analisando os dados e números de outros países. Em todos houve o isolamento social horizontal, ainda que em momentos diferentes, talvez com exceção da Coréia do Sul que conseguiu testar massivamente a população e estabelecer ótimas condutas de isolamento e tratamento, obtendo excelentes resultados. Mas foi a exceção, possuindo plano e estratégias para o enfrentamento de crises epidêmicas, uma lição a ser compreendida.

O Lockdown não é a solução para o problema, é uma das ações, pois UMA EPIDEMIA APENAS TERMINA QUANDO A MAIORIA AMPLA DA POPULAÇÃO ESTÁ IMUNE. Um período longo de isolamento não solucionará o problema, pois quase todos seremos infectados pelo vírus até que sejamos imunizados, ou por termos sido infectados e curados, ou por estarmos vacinados.

Como uma vacina não virá nos próximos 18 meses, a solução é controlar o volume de infectados e a médio ou longo prazo termos um percentual grande de imunizados em nossa sociedade. De qualquer maneira, um lockdown é medida extrema e algumas situações precisam de atenção do Poder Público: 
1 – O prefeito precisa comunicar com clareza aos cidadãos os motivos da tomada de decisão, ser transparente sobre números, dados e condições do nossos sistema de Saúde;
2 – O prefeito precisa estabelecer uma perspectiva de flexibilização desta medida extrema, ou seja, precisa dizer quais dados serão analisados, em quanto tempo e qual o prazo para iniciar a retomada de atividades. Um ser humano preso, isolado socialmente, precisa de uma perspectiva, sob pena de se instaurar um ambiente caótico e de pavor absoluto;
3 – O Lockdown só tem razão de existir se neste período o Poder Público criar protocolos de atendimento, informar a população sobre sintomas e como procurar atendimento, treinar as equipes da rede pública de Saúde, equipar seus profissionais com materiais de EPI adequados, ampliar a capacidade de leitos, construir hospital de campanha para separar os doentes com covid-19 dos demais e buscar apoio nas entidades para aquisição de testes, muitos testes;
4- O prefeito tem de apresentar neste período um plano de atenção e auxílio aos vulneráveis;
5- O prefeito tem de apresentar, também, ações para auxílio às empresas, em especial os pequenos e médios empreendimentos.

Se nada disso for feito, o LOCKDOWN HORIZONTAL É UMA MEDIDA INÓCUA QUE APENAS TRANSFERE O PROBLEMA PARA MAIS ADIANTE. Então, com 15 dias após o início deste LOCKDOWN, com dados atualizados e estrutura adequada ao enfrentamento, o prefeito deve flexibilizar o LOCKDOWN HORIZONTAL e iniciar o LOCKDOWN VERTICAL, mantendo isolamento aos grupos de risco e pessoas que convivem com eles. Por exemplo, mães que os filhos necessitam de sua atenção, filhos ou netos que precisam atender idosos do grupo de risco e que isolá-los seria muito danoso.

A flexibilização pode manter ainda, e quando possível, o home office, atender com quadro reduzido de funcionários e estabelecer medidas sanitárias, de higiene e controle de temperatura de funcionários para testá-los. Testes são caros, eu sei, mas hoje, junto com a ampliação da estrutura de Saúde é o fundamental para vencermos esta guerra, e são mais baratos que toda a perda de vidas e econômica que um isolamento mais prolongado irá causar. 

Por isso, peço ao Poder Público Municipal que seja transparente com nossa sociedade e esclareça quais ações foram adotadas neste período de isolamento para:
1 – Ampliar a estrutura de Saúde com mais leitos, mais respiradores, mais profissionais equipados e treinados;
2 – Quantos testes foram adquiridos e quantos receberemos do Ministério da Saúde ou da Secretaria Estadual de Saúde;
3 – Quais medidas serão adotadas para auxiliar nossas empresas;
4 – Quais medidas serão adotadas para proteger e auxiliar os mais vulneráveis; 
5 – Avisar imediatamente as datas e regras para flexibilização do isolamento e retomada da atividade econômica.

O Estado de Santa Catarina apresentou um plano de retomada das atividades para 01/04/2020. Sugiro o mesmo, sendo este o primeiro dia de flexibilização parcial, com o necessário e devido acompanhamento semanal pelas autoridades da Saúde, definição de medidas de controle sanitário e de higiene. É um plano que atende ao pedido de entidades empresariais, trabalhadores autônomos e profissionais liberais, permitindo a operação, ainda que com pessoal reduzido e de forma parcial de indústrias, comércio e serviços em geral, com parcela de seus funcionários em home office.

E, por fim, sugiro o dia 06/04/2020 como data para liberação de todas as atividades, sempre mantendo as aglomerações proibidas, mantendo as garantias de isolamento aos grupos de risco e aos pais ou mães que têm filhos pequenos em grupo de risco, ou filhos e netos com idosos em grupo de risco e que necessitam de sua atenção e cuidados, impossibilitando o distanciamento. As medidas de flexibilização e a nova restrição podem e devem ser revistas a cada semana, sempre com atenção aos dois temas: saúde e empregos.

A cura deste vírus não deve ser mais danosa à sociedade. Precisamos, urgentemente, reduzir os danos à economia do país. Uma longa recessão e alto índice de desemprego impactará diretamente nos índices de violência e na capacidade de investimentos em Saúde e, por conseguinte, muitas mortes evitáveis.

Estamos cientes do impacto financeiro. Este é o momento de reduzir despesas a curto, médio e longo prazo, cortar na carne, como toda nossa sociedade está fazendo, mas isso é tema para outro momento.

Vamos enfrentar essa pandemia juntos! Com os nossos profissionais da Saúde, da Segurança, da Logística, dos Transportes e de todos os serviços essenciais à população. De frente e com coragem!

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